domingo, 27 de novembro de 2011

Encontrado gene que faz você se sentir bem dormindo apenas 4 horas



Osmairo Valverde

Não é novidade que algumas pessoas precisem dormir 8h para se sentirem bem, outras se contentam com apenas 4h. Qual o motivo?

Cientistas acreditam ter encontrado a resposta. Segundo uma pesquisa do Dr. Karla Allebrandt da Universidade de Ludwing Maximilians, em Munique, a explicação está no nosso DNA. Segundo ele, existe um gene chamado ABCC9 que tem o poder de reduzir o tempo que nós gastamos dormindo.

Isso explicaria em tese o motivo pelo qual alguns conseguem sobreviver com algumas horas de sonos e outros necessitarem de no mínimo 10 horas. Tudo seria uma questão genética. Um ponto ainda “insolúvel” na pesquisa é a questão funcional do ACBCC9, pois é associado a ele riscos de problemas cardíacos e diabetes.

O estudo ocorreu com 4 mil pessoas em sete países da União Européia. Os pacientes tiveram que preencher um formulário sobre seus hábitos de sono, tendo seus sangues colhidos para comparar as respostas com o DNA. A pesquisa deixou claro que quem possuía duas cópias do ABCC9 dormia menos do que aqueles que não tinham. Moscas do gênero Drosophila possuem em seu DNA o mesmo gene, e possuem hábitos de sono extremamente curtos.

Fonte:  http://jornalciencia.com
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sábado, 12 de novembro de 2011

5 notebooks conceituais impressionantes

Por Renan Hamann

Modelos futuristas com propostas inovadoras. Conheça os computadores portáteis que todos gostariam de ter.
 

Nem todo notebook agrada a todo mundo, mas sempre existe aquele que faz com que até mesmo quem não gosta de tecnologia queira comprar um computador novo. Separamos cinco notebooks conceituais que fazem exatamente isso. Deixando qualquer um de boca aberta, os modelos separados são incríveis e trazem novas propostas para a utilização da informática.

5. DesCom

À primeira vista, parece que um monitor foi colocado sobre uma mesa de design arrojado. Na verdade, trata-se de um kit de notebook e escrivaninha, que funciona como um sistema integrado. Quando está conectado, não precisa de cabos de energia e ainda oferece um formato muito mais anatômico para quem quer digitar alguns textos. Também pode ser retirado da mesa para ser carregado como um notebook comum. (Fonte da imagem: Reprodução/GizmonWatch)

4. Vaio Zoom

Desligado ele é apenas uma peça de vidro. Ligado é um dos notebooks mais impressionantes de todos os tempos. Utilizando holografia, o conceito Vaio Zoom projeta as imagens diretamente na tela principal. Na tela secundária, ele cria um teclado virtual para a digitação de textos e também oferece um touchpad.

(Fonte da imagem: Reprodução/GizmonWatch)

3. Moonlight Laptop

Duas telas trabalhando juntas. Some isso ao fato de elas serem curvilíneas e nós temos o Moonlight Laptop. Enquanto a primeira delas possui proporção 16:9, a secundária é 4:3 e oferece sensibilidade ao toque, podendo ser utilizada como controlador do computador. O teclado físico fica na parte inferior, garantindo facilidade na utilização.
(Fonte da imagem: Reprodução/PC World)

2. Compenion

Este conceito parece ser dois aparelhos (um notebook e um tablet), mas é somente um. Na tela principal, todas as tarefas são mostradas para os usuários. Mais abaixo, onde seria o teclado, temos uma superfície touchscreen que pode ser utilizada como teclado ou touchpad. Isso permite que os usuários alternem entre digitar ou desenhar com a caneta stylus.
(Fonte da imagem: Reprodução/GizmonWatch)

1. PCs holográficos

Para que carregar um computador inteiro, se eu posso carregar apenas um projetor muito pequeno? No futuro, os computadores holográficos permitirão exatamente isso. Por enquanto, os conceitos se limitam a nos deixar sonhar. Teclados e telas projetadas sobre mesas e paredes são uma ótima ideia, não acha?
(Fonte da imagem: Reprodução/PC World)
.....
Vale lembrar que, até alguns anos atrás, os tablets também eram considerados conceitos futuristas. Hoje, eles fazem parte da nossa vida e conquistam cada vez mais espaço no mercado. Por essa razão, não é errado esperar que, em três ou quatro anos, já tenhamos novos computadores revolucionários no mercado.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

15 anos sem Renato Russo

Luiz Felipe Carneiro

“Um belo dia, o público vai descobrir que o seu ídolo tem pés de barro, e é uma coisa muito dolorosa porque messias não existem” (Renato Russo)
 
Ele foi o último ídolo do rock brasileiro. Depois dele, não veio mais ninguém. E, arrisco dizer, nunca mais virá. Por Luiz Felipe Carneiro. Foto: Agência Brasil
Parece que foi ontem, e talvez tenha sido mesmo, que Renato Russo morreu. Mas lá se vão 15 anos. O que, sob um ponto de vista, pode parecer uma eternidade.

Eternidade porque Renato Russo foi o último ídolo do rock brasileiro. Depois dele, não veio mais ninguém. E, arrisco dizer, nunca mais virá, até mesmo porque o rock brasileiro não fabrica mais nada de minimamente razoável já faz tempo.

Às vezes eu me pergunto o que fez de Renato Russo um ídolo.

Encontro a resposta facilmente em seus álbuns, especialmente nos da Legião Urbana.

Um dos primeiros LPs que Renato Russo ganhou foi o “White Album”, dos Beatles, quando ele morava em Nova York e tinha nove anos de idade. E isso explica muita coisa. A influência do tal disco branco, de certa forma conceitual, pode ser ouvida em qualquer trabalho da Legião. Ao invés de um amontoado de faixas, cada álbum da Legião Urbana era um “Álbum”, daqueles com início, meio e fim. Impossível de ser entendido sem a cuidadosa audição da primeira à última faixa. Eu fico imaginando os intermináveis exercícios de Renato Russo, Dado Villa-Lobos, Marcelo Bonfá e Renato Rocha (esse último até o terceiro disco, “Que país é este”) para chegar à relação final das faixas. E imagino o quanto Renato Russo não ficou louco, onde quer que estivesse, quando, recentemente, relançaram os discos da Legião em vinil, e, devido a um erro da fábrica, “Soldados” encerrou o lado B do trabalho de estreia da banda, ao invés de “Por enquanto”.

Acho que a Legião começou a se transformar no que foi quando, na infância, Renato Russo sofreu de uma rara doença chamada epifisiólise, que o deixou seis meses sem poder se levantar da cama. Nesse período de convalescença, Renato fundou a fictícia 42th Street Band. Não existia música, é verdade, mas Renato bolou capas de discos, nomes de músicas e até uma biografia para a sua banda imaginária. O líder do conjunto se chamava Eric Russell.

Já adolescente, Renato Russo juntou alguns amigos da Colina, conjunto de prédios habitacionais da UnB, e fundou o Aborto Elétrico, já influenciado por bandas como o PiL e o The Clash. Nada mais apropriado para rapazes de Brasília que não tinham muito que fazer.

O Aborto não chegou a gravar nenhum disco, mas compôs algumas canções que, mais tarde, seriam distribuídas nos três primeiros álbuns da Legião e no primeiro do Capital Inicial. “Geração Coca-Cola” era uma delas. O hino dos “filhos da revolução” que berravam contra o regime militar. No álbum póstumo “Uma outra estação”, Renato voltou ao tema, mas, dessa vez, de uma forma menos romântica: “Eu sou a lembrança do terror/ De uma revolução de merda/ De generais e de um exército de merda”. Os “filhos da revolução” envelheceram.

Após uma briga com o baterista Felipe Lemos, Renato decidiu ser o “trovador solitário”. Só ele e seu violão. As músicas dessa fase podem ser encontradas no CD “O trovador solitário” (2008), idealizado por Marcelo Fróes.

De saco cheio de bancar o Bob Dylan, Renato fundou a Legião Urbana. Em 1985, com a força dos colegas dos Paralamas do Sucesso que levaram a fitinha da banda para a gravadora EMI, enquanto rolava o Rock in Rio, chegou às lojas o autointitulado álbum de estreia da banda.
Abertura do 44º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, onde foi exibido o filme "Rock Brasília, era de ouro" de Wladimir Carvalho. Foto: Agência Brasil
“Só um cego ou surdo não constataria de primeira que Renato era um John Lennon, Bob Dylan, Elvis Presley, Paul McCartney, Bruce Springsteen, Brian Wilson e Joe Strummer, tudo junto, num país tão carente de equivalentes nacionais”, disse o produtor José Emilio Rondeau, no livro “Renato Russo”, de Arthur Dapieve. Estava certo. Tudo o que a Legião viria a ser já estava lá naquele primeiro disco, da sonoridade ao conceito, passando pelas letras de Renato, claro.

A gravadora pensava que “Legião Urbana” não ia dar em muita coisa. Mas se enganou. O disco vendeu muito e gerou uma boa quantidade de singles. Para o segundo álbum, óbvio, a gravadora queria algo parecido com o primeiro. Direto e roqueiro. Mas lógico que a Legião não ia entrar nessa. “Todos os discos de uma grande banda são bons”, disse Renato Russo à MTV em uma de suas últimas entrevistas.

E, certamente, ele já pensava assim em 1986, quando peitou a gravadora, e entrou no estúdio para gravar “Dois”. “A gente se acostumou com o ambiente no estúdio, como se fosse a extensão de casa. Acreditamos que era realmente possível fazer música e discos a partir desse disco”, me disse o guitarrista Dado Villa-Lobos, em 2006, quando “Dois” completou 20 anos.

De fato, a partir de “Dois”, a Legião amadureceu. O álbum, que era para ser duplo e se chamar “Mitologia e intuição”, acabou sendo simples (“Todos os discos da Legião são duplos até segunda ordem”, dizia Renato), mas, mesmo assim, bem diferente do primeiro. As músicas rápidas e de letras mais simplórias deram espaço a canções mais longas e sem refrão, como “Eduardo e Mônica” e “Indios”. Nem por isso “Dois” deixou de fazer sucesso. Pelo contrário.

Na turnê de lançamento do álbum, a Legião tocou no Canecão pela primeira vez, ainda que no horário não muito nobre das sete da noite. Mal imaginava Renato (ou, de repente, imaginava sim) que, um ano depois, a Legião Urbana estaria lotando estádios Brasil afora. O show mais emblemático, durante o lançamento de “Que país é este”, aconteceu no Mané Garrincha, em Brasília, no dia 16 de junho de 1988. Um maluco invadiu o palco e agrediu o cantor com um canudo de plástico. O caos tomou conta do lugar e por sorte ou por milagre ninguém morreu naquilo que ficou conhecido como o “Altamont brasileiro”. 
 
Renato Russo, vocalista da banda Legião Urbana, conversa com Vladimir Carvalho, diretor do documentário Rock Brasília - Era de Ouro, que exibirá cenas gravadas pelo cineasta na década de 1980. Foto: Agência Brasil
Apresentações não muito convencionais, aliás, fizeram parte da história da Legião. Quando a banda lançou o lírico “As quatro estações” (mais um álbum em que Renato colocou as suas vísceras), houve confusão no Jockey Club do Rio de Janeiro. Animais na fila do gargarejo detonaram uma guerra de areia que quase terminou o show antes da hora. Em janeiro de 1995, dessa vez divulgando “O descobrimento do Brasil”, em Santos, Renato levou uma latada e passou os últimos 45 minutos de show cantando deitado. Foi a última vez que ele pisou em um palco. Antes disso, em outubro de 1994, a banda realizou três dos shows mais lindos da história do finado Metropolitan, no Rio de Janeiro, e que geraram o CD duplo ao vivo “Como é que se diz eu te amo”. Inusitadamente, as apresentações, registradas pela Rede Bandeirantes, nunca viraram DVD.

A verdade é que Renato não gostava de fazer shows. Não tolerava a violência dos seguranças que agrediam os fãs. Ele também costumava dizer que, durante uma apresentação ao vivo, se sentia como estivesse fazendo amor com 10, 20, 30 mil pessoas ao mesmo tempo. E, depois, caía em depressão quando ia dormir sozinho em casa ou em um quarto de hotel.

A Legião abriu a década de 90 com “V”, o seu trabalho mais pesado. “O réquiem do milênio”, como bem definiu o produtor e jornalista Ezequiel Neves. “O descobrimento do Brasil” veio em seguida e dava a (falsa) impressão, com a sua capa florida e alegre, de que seria o oposto de “V”. Ledo engano. Por dentro, mais um réquiem, inclusive o do Brasil, limpidamente esculpido em “Perfeição”.

A Legião Urbana abandonou os palcos. Mas não os estúdios. Em setembro de 1996, duas semanas antes da morte de Renato Russo, foi lançado “A tempestade ou O livro dos dias”. Antes, Renato ainda colocou nas lojas os trabalhos solo “The Stonewall celebration concert” e “Equilíbrio distante”, com músicas cantadas em inglês e em italiano, respectivamente.

Há 15 anos, jornais dedicaram cadernos especiais ao compositor da Legião Urbana. O Jornal Nacional alterou todo o seu noticiário para dar metade de seu tempo à repercussão da morte de Renato. Hoje em dia, com exceção dos velhos medalhões da MPB, qual artista brasileiro mereceria tamanha deferência?

A Legião somou pouco mais de 12 anos de carreira. E deixou um legado imenso. Dá pena ver qualquer banda hoje em dia lançando DVDs comemorativos de 10, 15, 20 anos de carreira sem ter o que dizer.

Às vezes eu me pergunto o que Renato Russo estaria fazendo hoje se vivo fosse. Segundo o próprio, a partir dos 40 anos, faria cinema. Depois dos 60, seria escritor. 
 

A banda Legião Urbana: Marcelo Bonfá, Renato Russo e Dado Villa-Lobos

Eu tenho as minhas dúvidas.

Para mim, a Legião Urbana nunca deixaria de existir.

A Legião não era só uma banda. Era a representação de seus fãs.

Ou como Renato Russo gostava de dizer: “A verdadeira Legião Urbana são vocês.”
 

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Aniversário de John Lennon é comemorado com exposições de desenhos em NY

Reprodução/YouTube
Yoko Ono e John Lennon em imagem do documentário "Bed Peace" (1969)


Lennon (1940-1980) celebra a partir desta sexta-feira em Nova York o aniversário do nascimento do músico, que completaria 71 anos no próximo dia 9 de outubro.

Com o título "Gimme Some Truth", a mostra acolhe uma centena de obras sobre papel, entre as quais há várias com teor erótico, disse a Agência Efe uma assessora da "Legacy Productions", entidade que organiza a exposição junto com a viúva de Lennon, Yoko Ono.

"Alguns dos desenhos pertencem a uma coleção que Lennon realizou por conta de seu casamento com Ono, e foram questionados por seu conteúdo erótico, embora nos dias de hoje, já não sejam polêmicos", disse a Agência Efe uma das responsáveis pela organização, Madeleine Schwartz.

A exposição, cujo título homenageia uma das canções do álbum "Imagine" (1971) de Lennon, permanecerá até o dia 10 de outubro em um prédio do bairro de Soho.

Todas as obras estão à venda por um preço entre US$ 200 e US$ 20 mil, mas os que somente desejam ver a obra, podem fazer isso de forma gratuita ou em troca de um donativo de US$ 2, que será destinado à organização beneficente Citymeals-on-Wheels, dedicada a fornecer alimentos a idosos de Nova York, informou a organização.

Embora seu lado artístico seja menos conhecido que o musical, Lennon se formou como artista plástico: antes se transformar em um Beatle, iniciou estudos de belas artes na escola de arte e desenho de Liverpool (Inglaterra), sua cidade natal.

O ex-Beatle nasceu no dia 9 de outubro de 1940 e morreu em 8 de dezembro de 1980 na frente da sua casa, no edifício Dakota, situado em frente ao Central Park, após receber oito tiros de Mark David Champan, que ainda cumpre pena pelo assassinato de John.

Sean Ono Lennon, filho de Yoko e John Lennon, também fará aniversário no dia 9 de outubro (36 anos).

Também por causa do aniversário do nascimento de Lennon, Ono irá até Reykjavik, capital da Islândia, no dia 9 de outubro para acender, como fez no ano passado, a torre "Imagine Peace", em memória do músico.


Fonte: http://musica.uol.com.br

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Família constrói casa de Hobbit com R$ 8 mil

Cansada de pagar hipoteca, família britânica faz casa em encosta de colina com restos da floresta por Redação Galileu

Depois de quase uma vida pagando hipoteca, a família Dale decidiu agir. O pai, Simon, começou a construir uma casa na floresta. Mas o projeto do britânico não foi nada modesto. Com apenas martelo, instrumento para esculpir madeira e serra, ele fez uma verdadeira casa dos Hobbits no País de Gales.

http://www.simondale.net/house

Em quatro meses de trabalho, contando com a ajuda do padrasto, amigos e visitantes, Simon conseguiu terminar a casa. Ao todo, ele gastou 3 mil libras, ou pouco mais que R$ 8 mil – o que, para uma casa do porte dessa, não parece muito caro.

http://www.simondale.net/house

No site, onde mostra imagens de sua casa, Simon escreve que a ideia da arquitetura foi respeitar e integrar seu lar ao meio ambiente. Em troca, ele consegue viver em contato com a natureza. Nada de casas pré-fabricadas usando produtos tóxicos, diz ele.



http://www.simondale.net/house

O construtor de 32 anos, sem nenhuma experiência em carpintaria, juntou materiais que recolhia na floresta e outros reaproveitados para fazer toda a estrutura de seu novo lar. Enquanto ele trabalhava, a mulher e os dois filhos, sem casa, acampavam em um local próximo.

http://www.simondale.net/house

Enquanto a família procurava por um local para fazer sua casa, o dono área deixou que ficassem lá e doou madeira para a construção, em troca, a família deveria tomar conta da área para ele. As paredes são de lama, o banheiro é também uma composteira e a energia vem de painéis solares.


http://www.simondale.net/house

Atualmente a família virou uma espécie de atração local com sua casa de Hobbit sustentável.

http://www.simondale.net/house


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Filme ‘Rock Brasília’ emociona público


Por Luciana Lima*

Embora não faça parte da mostra competitiva, o documentário Rock Brasília – A Era de Ouro, de Vladimir Carvalho, emocionou o público na abertura do 44º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, nessa segunda-feira 26 à noite, no Teatro Nacional. O filme, que conta a história da geração do rock dos anos 80 em Brasília, não só empolgou pela espontaneidade dos depoimentos dos músicos, mas também pela identificação com os que moram nas superquadras e que, de alguma forma, viram o movimento do rock ocorrer na cidade.

Vladimir Carvalho retrata a geração que gerou bandas como Capital Inicial, Legião Urbana e Plebe Rude, valorizando a capacidade que esses jovens tiveram de se expressar em meio a condições adversas. “Eram jovens que reagiam institivamente à autoridade. Eram jovens cultos, viajados e que fizeram músicas e letras permeadas dessa reação naquele momento de transição da política. Eles não foram cooptados, eles cooptaram”, disse à Agência Brasil o cineasta, que era professor da Universidade de Brasília (UnB) na década de 1980 e registrou os momentos iniciais das bandas, além de entrevistas com seus integrantes em 1987 e 1988.

“Percebi que havia história no movimento desses rapazes porque eles estavam voltando a Brasília depois de tocar em várias cidades brasileiras. Comecei a gravar os shows que aconteciam na Foods (lanchonete da Asa Sul), na UnB e a gravar entrevistas com esses garotos. Isso ficou guardado por mais de 20 anos. A minha sorte é que não estragou”, acrescentou.

Vladimir ressalta o exemplo dessa geração pelo papel de resistência e, principalmente, de crença em um sonho. “É necessário olhar no retrovisor para entender muito do Brasil de hoje. Esses garotos deram um ensurdecedor exemplo de perseverança e crença em um sonho. E tem que ser assim para que esse sonho se torne realidade”, disse. “Eles ainda sentiram o peso dos resquícios da ditadura, chegaram a ser presos em um show em Patos de Minas e viram que o negócio era sério”.

O autor do documentário Vladimir Carvalho, durante a abertura do Festival de Cinema. Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ ABr

O baterista Fe Lemos, da banda Capital Inicial, um dos entrevistados no documentário, lembrou que à época, não poderia imaginar a repercussão de sua simples vontade de tocar. “A gente via tudo como brincadeira. Nunca pensei que isso tivesse tamanha repercussão, da mesma forma que nunca pensei que estaríamos agora sem o Renato Russo, que sempre dizia que queria ser músico, depois cineasta e, depois, escrever um livro. Se ele estivesse aqui neste momento, com certeza estaria se aventurando pelas artes visuais”.

Rock Brasília – Era de Ouro não concorrerá a prêmios. O filme, no entanto, já recebeu o prêmio de melhor documentário do Festival de Paulínia de Cinema deste ano.

*Matéria publicada originalmente na Agência Brasil

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Reedição completa da obra de Pink Floyd chega às lojas na próxima semana



Patricia Rodríguez

Nick Mason, Roger Waters e David Gilmour dividem o palco durante show que reuniu os integrantes remanescentes do Pink Floyd na O2 Arena, em Londres (12/05/2011)

Londres, 23 set (EFE).- Nick Mason, baterista e fundador do Pink Floyd, viveu uma "montanha-russa" emocional durante o processo de reedição da obra do lendário grupo britânico em todos os formatos, desde o vinil até o iPhone.
assim, reconheceu o próprio músico, de 67 anos, em um encontro com a imprensa nos lendários estúdios londrinos de Abbey Road.

A banda de rock progressivo lançará na segunda-feira a reedição mais completa de sua obra para que o "fã mais exigente" possa desfrutá-la em todos os suportes, tanto os tradicionais, como o vinil, quanto os digitais (CD, DVD, Blu-ray e Super Audio CD) e até em uma aplicativo para o iPhone.


Versões inéditas de clássicos como "Dark Side Of The Moon" e "Wish You Were Here", colaborações com outros artistas desprezadas até então e outras desconhecidas que foram gravadas há décadas foram desenterradas do baú de lembranças para formar a caixa especial intitulada "Why Pink Floyd?", que inclui os 14 discos da banda.


A ideia surgiu a partir de uma seleção de material contida nos arquivos dos próprios músicos, um projeto que chegou "no momento adequado", explica Mason.


"Penso que se nós tivéssemos feito há dez anos provavelmente nós teríamos feito o oposto. Isso porque as músicas pareciam cada vez mais interessantes conforme elas saiam dos arquivos", admitiu.


O lançamento da coleção ainda apresentará uma versão "super-deluxe", que inclui discos em formatos alternativos, canções não publicadas, filmes restaurados de shows e uma gravação da lendária atuação de "The Dark Side Of The Moon" em Wembley, no ano de 1974.


Em relação à diversidade de formatos, Mason expressou sua devoção pelo vinil e considerou que tanto a gravadora (EMI) como os artistas suspeitam que será "a última oportunidade de lançar um disco neste formato devido à enorme queda nas vendas".


"Além disso, o vinil nos encanta. Meu carinho pelo disco de vinil é maior que meu carinho pelo CD. É a última oportunidade que teremos, acredito, já que dentro de alguns anos nós baixaremos tudo pela internet. O vinil será algo muito específico".


"Em geral, essas lembranças associadas ao ano de 1967, quando tudo começou, e aos estúdios de gravação Abbey Road foram ótimas. Era assustador estar aqui; com todo esse grande suporte técnico, além dos Beatles no final do corredor, isso dava à situação uma outra graça", relembrou o baterista.


Da fase psicodélica, contida no inicio da trajetória, ao rock progressivo e sinfônico dos últimos trabalhos, o Pink Floyd, com suas letras carregadas de conteúdo filosófico e suas sofisticadas apresentações ao vivo, se transformou em uma das bandas ícones da cena rock com mais de 300 milhões de álbuns vendidos no mundo todo.


Em 1983, o grupo lançou seu último trabalho, "The Final Cut", com seus integrantes originais, Nick Mason, Richard Wright, David Gilmour e Roger Waters, que abandonaria a banda em seguida sem participar dos outros dois discos posteriores.


Agora, a pergunta no ar é se esta luxuosa reedição aproximará finalmente Roger Waters e David Gilmour, tento em vista seus conhecidos históricos de desentendimento. Mas, para decepção dos fãs, a resposta de Mason foi contundente: "Realmente, não".


"Não é um assunto no qual se deva investir tempo", disse. "Tristemente, não teremos chance para isso, a menos que aconteçam avanços na ciência", ironizou o músico.

Fonte: http://musica.uol.com.br/

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Faz Parte Do Meu Show - Cazuza

Faz Parte Do Meu Show - Cazuza

Te pego na escola
E encho a tua bola
Com todo o meu amor
Te levo pra festa
E testo o teu sexo
Com ar de professor

Faço promessas malucas
Tão curtas quanto um sonho bom
Se eu te escondo a verdade, baby
É pra te proteger da solidão

Faz parte do meu show
Faz parte do meu show, meu amor

Confundo as tuas coxas
Com as de outras moças
Te mostro toda a dor
Te faço um filho
Te dou outra vida
Pra te mostrar quem sou

Vago na lua deserta
Das pedras do Arpoador
Digo "alô" ao inimigo
Encontro um abrigo
No peito do meu traidor

Faz parte do meu show
Faz parte do meu show, meu amor

Invento desculpas
Provoco uma briga
Digo que não estou
Vivo num clip sem nexo
Um pierrô-retrocesso
Meio bossa nova e rock 'n' roll

Faz parte do meu show
Faz parte do meu show, meu amor

domingo, 18 de setembro de 2011

Como Nossos Pais - Belchior

Como Nossos Pais - Belchior

Não quero lhe falar
Meu grande amor
Das coisas que aprendi
Nos discos...

Quero lhe contar
Como eu vivi
E tudo o que
Aconteceu comigo
Viver é melhor que sonhar
E eu sei que o amor
É uma coisa boa
Mas também sei
Que qualquer canto
É menor do que a vida
De qualquer pessoa...

Por isso cuidado meu bem
Há perigo na esquina
Eles venceram e o sinal
Está fechado prá nós
Que somos jovens...

Para abraçar meu irmão
E beijar minha menina
Na rua
É que se fez o meu lábio
O seu braço
E a minha voz...

Você me pergunta
Pela minha paixão
Digo que estou encantado
Como uma nova invenção
Vou ficar nesta cidade
Não vou voltar pr'o sertão
Pois vejo vir vindo no vento
O cheiro da nova estação
E eu sinto tudo
Na ferida viva
Do meu coração...

Já faz tempo
E eu vi você na rua
Cabelo ao vento
Gente jovem reunida
Na parede da memória
Esta lembrança
É o quadro que dói mais...
Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo, tudo, tudo
Tudo o que fizemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Como Os Nossos Pais...

Nossos ídolos
Ainda são os mesmos
E as aparências
As aparências
Não enganam não
Você diz que depois deles
Não apareceu mais ninguém
Você pode até dizer
Que eu estou por fora
Ou então
Que eu estou enganando...

Mas é você
Que ama o passado
E que não vê
É você
Que ama o passado
E que não vê
Que o novo sempre vem...
E hoje eu sei
Eu sei!
Que quem me deu a idéia
De uma nova consciência
E juventude
Está em casa
Guardado por Deus
Contando seus metais...

Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo, tudo, tudo
Tudo o que fizemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
Como Os Nossos Pais...

Nanananã! Naninananã!
Nanananã! Naninananã!
Hum!...
 
 

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Contribuição a Marx!!

Uma excelente apresentação do livro Contribuição à Critica da Economia Política*, de Karl Marx, feita por Reinaldo A. Carcanholo, vale a leitura:
APRESENTAÇÃO

Há algo de curioso em Marx. Sobre ele e sobre sua obra existiram ao longo do tempo e continuam a existir diferentes atitudes. Entre elas, consideramos, devem ser citadas três que talvez sejam as mais importantes. Está aquela dos que odeiam Marx e nunca o leram, ao lado de uma outra dos que o amam, mas também nada leram de seus escritos. Finalmente a terceira atitude a ser mencionada é a daqueles que querem lê-lo, ou melhor, estudá-lo. E para que isso? Por que estudar a obra de Marx nos dias de hoje?

Claro que é possível estudá-la com objetivos exclusivamente acadêmicos, mas não seria o mais importante. O estudo aprofundado da teoria de Marx, em particular de sua teoria sobre o capitalismo, permitirá que encontremos respostas a algumas perguntas fundamentais para a humanidade. Mencionemos algumas delas.


Sobreviverá o capitalismo por muito mais tempo? O que tal sobrevivência reservaria para o futuro da humanidade? Ao contrário, quais são as possibilidades e perspectivas de uma nova era para a humanidade, organizada por meio de uma nova forma de sociedade? Que características básicas deverá ter a possível fase de transição para essa nova era? Que sacrifícios serão impostos à humanidade nessa fase?


Outras perguntas mais específicas são também importantes para nós. Que papel jogamos, aqueles que vivemos nos países da periferia, no capitalismo contemporâneo? Quais são as perspectivas para os povos desses países em um capitalismo que se conserve por muito mais tempo?


Muitos, alguns até por ingenuidade, se satisfazem com respostas triviais a essas perguntas. Graças a uma concepção metafísica, consideram que o ser humano é, por sua própria natureza transcendental, um ser egoísta e que o capitalismo é a forma mais perfeita de organização da sociedade, forma na qual o homem realizaria a sua essência, o egoísmo. Para eles, a humanidade teve história, mas já não mais a terá. O capitalismo é a realização do paraíso na terra e, por isso, a história chegou ao seu fim. Os males e as misérias que observamos nos dias de hoje na humanidade, em certos espaços, não são o resultado desse sistema econômico e social, mas da sua ausência. Os que defendem essa perspectiva são os neoliberais. É verdade que há muito de hipocrisia nesse pensamento e seus defensores mais cínicos chegam até a admitir e a sustentar que a pobreza é uma necessidade do sistema, na medida em que o risco que ela representa, para cada um, é o motor a garantir que o ser humano desenvolva todo o seu potencial produtivo.



Existem outros que acreditam que o capitalismo pode sobreviver e resolver em grande parte seus males. Para isso, bastaria uma boa dose de vontade política. O Estado seria capaz, por meio de um conjunto de políticas adequadas, de solucionar ou no mínimo atenuar as contradições do sistema, de maneira a torná-lo mais humano. Aqueles um pouco mais lúcidos, dentro dessa visão, procuram encontrar, no meio da selvageria do capitalismo atual, algum setor social que, por seus interesses objetivos, fosse capaz de sustentar um projeto político desse tipo. Tendem algumas vezes a atribuir esse papel a um setor da “burguesia progressista”, nacional talvez. No entanto, a verdade é que a evolução do capitalismo nas últimas décadas tende a reduzir o número daqueles que ainda acreditam nessa quimera.

Também existem aqueles que perderam totalmente as esperanças e não acreditam em nenhuma possibilidade de grandes transformações para a sociedade humana. O mundo capitalista seria inevitável e a única coisa que podemos fazer é obter pequenas mudanças, por meio de lutas parciais e fragmentárias. De certa maneira, concordam com os neoliberais, pelo menos no sentido de que uma divindade superior teria decretado que o capitalismo é o fim da história. Qualquer desejo de impulsionar grandes transformações na sociedade seria ilusório; toda tentativa de construir uma interpretação global que permita uma ação nesse sentido é fracassada; não há espaço para os metarrelatos. É a perspectiva pós-moderna. Nas sábias palavras, quase versos, de Néstor Kohan, trata-se da “legitimação metafísica da impotência política”.


Justamente ao contrário, a teoria de Marx é intrinsecamente revolucionária, anticapitalista e humanista. Ela é uma teoria que sustenta a esperança e nos entrega instrumentos para a ação transformadora. Ela, estudada em toda a sua profundidade, estabelece bases sólidas para que construamos de maneira sistemática e científica, sem concessões à metafísica, respostas àquelas perguntas e a muitas outras importantes.


É óbvio que não se encontrarão diretamente neste livro de Marx, Contribuição à crítica da Economia Política, as respostas imediatas às perguntas que nos preocupam. O livro trata de apresentar exclusivamente os elementos básicos e abstratos de um enorme corpo teórico, resultado da pesquisa científica de Marx, corpo esse desenvolvido ao longo da extensa obra marxista, que inclui entre outros textos importantes O capital. O aporte científico de Marx consiste, na verdade, em um enorme edifício teórico sobre o capitalismo que precisa ser estudado e compreendido em toda a sua profundidade. Nele aparecem descobertas e expostas as leis gerais do funcionamento, desenvolvimento e dos limites da economia capitalista, que demonstram que se trata de uma fase social transitória no interior do processo de desenvolvimento da sociedade humana. Conhecer essas leis é o que permite adquirir uma sólida base para que cheguemos, com nosso esforço, a elaborar, também de maneira científica e não metafísica, respostas adequadas para as perguntas que nos interessam nos dias de hoje.


É a teoria do valor de Marx, em toda a sua amplitude (que engloba entre outras coisas a teoria do capital e da mais-valia, da exploração e do fetichismo, da desmaterialização da riqueza capitalista e, inclusive, a teoria da tendência decrescente da taxa de lucro), que nos permite entender a economia capitalista em suas determinações mais gerais. Compreender a fase atual que vivemos, além da necessidade de apropriar-se de maneira adequada dessa teoria, pressupõe um grande esforço científico de nossa parte. No entanto, tal esforço se vê em parte facilitado pelo método científico que nos foi legado por Marx e que precisa ser estudado.


A teoria marxista do valor permite-nos concluir, em primeiro lugar, que a contradição principal da atual fase capitalista é a que existe entre a produção e a apropriação da mais-valia, do excedente econômico em valor; que a atual expansão do capital especulativo e parasitário é a manifestação e o agravamento dessa contradição; que essa fase capitalista sobrevive até hoje, e o fez até agora, por mais de duas décadas, sobre a base de uma intensificação sem precedentes da exploração do trabalho. Tal exploração ocorre por meio da mais-valia relativa e absoluta, da superexploração dos trabalhadores assalariados e não assalariados de todo o mundo, incluindo os dos países mais miseráveis do planeta. A teoria do valor de Marx permite entender que essa fase capitalista não é eterna e que não poderá sobreviver por muito tempo mais.


Essa teoria, entendida em toda a sua profundidade, nos proporciona a convicção científica de que o capitalismo poderá sobreviver à destruição da sua fase atual especulativa, reformulando eventualmente seu funcionamento; mas só poderá fazê-lo destruindo o domínio do capital especulativo. Não há dúvida de que isso só será ou seria possível, ao contrário do que se pode imaginar, por meio de uma adicional elevação da exploração do trabalho, exploração essa que já se encontra em níveis exagerados. Tal situação implicará a intensificação e generalização da tragédia humana que já é manifesta em muitas partes do mundo contemporâneo. Pior que isso, a transição para uma eventual nova fase capitalista pressuporá períodos ou momentos ainda mais terríveis.

Entendida adequadamente, a teoria do valor de Marx leva-nos a concluir que a relativa comodidade em que se vive nos países mais ricos, mesmo uma parte de seus trabalhadores, não seria possível sem a pobreza e a miséria encontrada nos países periféricos. Nesse sentido, existe um excelente filme sobre o Norte da África, que não é um documentário mas uma ficção, cujo título em português é “A marcha”, e que apresenta como lema o seguinte: “eles são ricos porque somos pobres”. E poderíamos agregar: “nós somos pobres porque eles são ricos”. Obviamente que isso não significa, de nenhuma maneira, pensar que os trabalhadores daqueles países são exploradores de seus homólogos dos demais.

Finalmente, a teoria marxista permite entender que, ao mesmo tempo em que é possível uma nova etapa capitalista sob bases modificadas, justamente porque isso pressupõe um período ou momentos extremamente difíceis para a humanidade, abre-se a possibilidade da superação do próprio capitalismo. A transição para uma nova etapa capitalista ou para uma nova forma de sociedade radicalmente diferente, para o socialismo, é verdade, não consistirá em período dos mais belos da história. Ao contrário, será uma fase muito difícil para a humanidade. No entanto, se essas dificuldades estiverem efetivamente dentro de um processo de construção do socialismo, pelo menos se abriria a possibilidade de superação da pré-história do homem e o início de sua verdadeira história. Abrir-se-iam, assim, as possibilidades de superação da violência contra a verdadeira natureza humana, de superação da alienação e do trabalho alienado. Vislumbrar-se-ia o surgimento de uma sociedade a ser organizada sobre a base do trabalho criativo e que garantiria a realização plena do ser humano.


Se estamos na vizinhança de uma nova fase ainda mais violenta e mais terrível do capitalismo ou nos albores de um novo mundo, isso dependerá de cada um de nós. Para Marx, a história é uma construção do ser humano, limitada apenas pelas amplas potencialidades de cada momento. A superação da pré-história da humanidade será uma construção consciente ou não será.

É indispensável estudar com profundidade a teoria marxista sobre o capitalismo e, em especial, suas determinações mais abstratas e essenciais. Este livro é fundamental para isso, embora, em nossa opinião, não deve ser o primeiro de Marx a ser lido. O núcleo central deste volume, ora publicado pela Editora Expressão Popular, está constituído pelo que se conhece propriamente como Contribuição à crítica da Economia Política (3) de Marx (escrita nos últimos meses de 1858 e janeiro do ano seguinte), imediatamente antecedido pelo seu “Prefácio” (2).* Esses escritos aparecem neste volume acompanhados por outros textos relevantes. O que imediatamente segue a Contribuição... ficou conhecido como “Introdução** à Contribuição à Crítica da Economia Política”, ou simplesmente “Introdução” (4). Logo em seguida, encontramos dois artigos-resenha escritos (5) por Engels sobre a Contribuição....

Além de tudo isso, este volume da Editora Expressão Popular nos brinda com um excelente texto (1) de Florestan Fernandes, que é o tradutor das obras aqui apresentadas. Nele, Florestan discute aspectos relevantes do método marxista e apresenta, também, uma ampla abordagem sobre críticas que são feitas a Marx por desconhecimento de sua obra, ao analisar a relação desse autor com outros especificamente da área das ciências sociais, em particular com sociólogos.
A Contribuição... (3) propriamente dita está dividida em duas grandes partes. Na primeira, se estuda a mercadoria e, na segunda, o dinheiro. Ambos os temas reaparecem n’O capital com uma nova redação, melhorada segundo Marx.

O capítulo sobre a mercadoria n’O capital é, de fato, uma redação mais elaborada e melhor estruturada do conteúdo da primeira parte da Contribuição... Resume alguns aspectos, mas amplia o tratamento de outros. Em particular, o estudo que Marx faz sobre desenvolvimento dialético das formas do valor n’O capital, que vai da forma simples à forma dinheiro, tema extremamente importante, é muito mais amplo e mais satisfatório que o tratamento da Contribuição... No entanto, no que se refere às categorias relativas ao trabalho (trabalho abstrato, útil, privado e social) e à sua relação com o valor, com o valor de uso e com a riqueza, o tratamento da Contribuição... aparece muito mais desenvolvido e aprofundado. A simples leitura d’O capital nesse aspecto, em nossa opinião, é insuficiente e precisa se complementado com o que aparece neste volume.


Há uma dificuldade na Contribuição... Nela, Marx não distingue terminologicamente valor de valor de troca. Embora uma leitura atenta permita perceber essa distinção, o entendimento adequado do conceito, da sua essência e da aparência do fenômeno, fica dificultado. O autor muitas vezes fala de valor de troca quando deveria referir-se a valor. A terminologia mais precisa só virá à luz n’O capital. Além disso, a exposição da passagem da aparência para a essência do valor, o que consideramos o salto mortal da análise, o descobrimento do valor por detrás do valor de troca, só aparece nesta última obra. E aparece de forma brilhante, embora extremamente reduzida e, por isso, algumas vezes não percebida em uma leitura mais apressada. Especialmente por todas as razões apontadas, em nossa opinião, o estudo da mercadoria não deve iniciar-se pela Contribuição..., mas com a leitura do primeiro capítulo d’O capital e complementada depois.


Não deixa de ter interesse o estudo das questões apresentadas na segunda parte da Contribuição..., a que trata do dinheiro, apesar de aparecerem com nova redação, em parte mais desenvolvida e mais elaborada, n’O capital, distribuídas no capítulo 3º do seu livro I e em diversas partes nos seus livros II e III.


Por outro lado, o “Prefácio” (2), apesar de ser um texto de dimensões reduzidas, poderia ser tratado como obra independente. Sua importância está no fato de apresentar, de um ponto de vista abstrato, a concepção marxista sobre o desenvolvimento histórico, a concepção dialética e materialista sobre a história da humanidade. Por se tratar de texto reduzido, aqueles que desejarem encontrar ali uma visão mecanicista e determinista poderão sair até certo ponto satisfeitos, mas isso está longe de ser a real perspectiva de Marx. Uma leitura mais atenta pode desfazer essa interpretação.


A “Introdução” (4) ou “Prólogo” não foi preparado por Marx para publicação. Trata-se de um texto referido por seu autor no “Prefácio” (2) como “esboço” e foi dele suprimido por razões expositivas. O nome “Introdução” ou “Prólogo” à Contribuição à crítica da Economia Política deve-se a Kautsky, seu primeiro editor, e aparece também como texto inicial do que ficou conhecido como Grundrisse, rascunhos de pesquisa escritos entre 1857 e 1858 por Marx. Talvez sua parte mais importante seja a de número três (“O Método da Economia Política”), texto profundo e de compreensão difícil, único em que Marx expõe de maneira algo sistemática sua visão sobre o método científico para o estudo da sociedade humana. Assim, se a leitura da Contribuição... (3) deve ser, em nossa opinião, precedida pelo menos pelo estudo do capítulo sobre a mercadoria d’O capital, enfrentar as dificuldades do texto sobre o método contido na “Introdução” exige muito mais. A leitura dessa parte deve ser deixada para depois de bem avançado o estudo da obra maior de Marx, O capital, em particular depois da leitura do primeiro capítulo do seu livro III.


Finalmente, as resenhas de Engels (5) publicadas neste volume também não deixam de ter interesse, em especial algumas observações suas sobre a questão do método marxista.


Terminemos esta apresentação voltando à questão apresentada no início. Há certa razão naquelas atitudes, as de amor e as de ódio, dos que nunca leram Marx. A perspectiva teórica marxista é intrinsecamente anticapitalista e é lógico que provoque sentimentos contraditórios. Mesmo exclusivamente por instinto, uns (os que objetivamente possuem) e outros (os que não possuem interesse na continuidade do sistema e dos privilégios que garante para alguns em contraste com a miséria dos outros), respectivamente, têm razões para o ódio e o amor por esse autor.


A dialética marxista é em si mesma revolucionária. Aqueles que são revolucionários por puro impulso do coração, por puro humanismo ou legítimo interesse objetivo, sairão fortalecidos nas suas convicções e muito mais eficazes na sua ação se, à sua emoção, adicionarem um sólido conhecimento científico sobre o capitalismo, sobre os seus determinantes e sobre os caminhos do processo revolucionário. Razão e coração juntos se completam.


A teoria de Marx nos ensina que precisamos, mais que nunca, lutar contra o capitalismo, pela humanidade.


“Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás.”


Vitória, julho de 2007
Reinaldo A. Carcanholo

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*MARX, Karl. Contribuição à Crítica da Economia Política. Tradução de Florestan Fernandes. 2. ed., São Paulo: Expressão Popular, 2008.